Nenhum voto vai salvar a democracia contra Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/PR

UM NÚMERO CRESCENTE DE comentaristas de política está dizendo no Twitter que a eleição de 2022 será uma espécie de plebiscito sobre a democracia. Estão todos errados.

Leo Aversa, colunista de O Globo, escreve: “Não vai ser uma eleição, vai ser um plebiscito sobre a democracia: Você é contra ou a favor?”.

O vereador Professor Tulio, do PSOL de Niterói, afirma: “Caso alguém ainda não tenha entendido, a eleição de outubro é plebiscitária: BOLSONARO é a DITADURA. LULA é a DEMOCRACIA”.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) registra: “Não é apenas uma eleição (…) É democracia contra tortura e ditadura”.

O analista ambiental Pedro Ronchi diz: “Na eleição de outubro vai ser democracia versus ditadura”.

Na verdade, nenhum voto pode salvar a democracia. Se um autocrata ou aspirante a autocrata já está no poder, não há garantia de que ele respeite o resultado da eleição; na verdade, Bolsonaro já deu repetidos sinais de que não irá fazê-lo.

O verdadeiro remédio é o impeachment; é tirar de Bolsonaro o poder da caneta presidencial. Os petistas sugeriram esse remédio da boca para fora, mas na prática Lula sempre desautorizou a iniciativa.

Em junho de 2021, o perfil de Lula publicou: “O povo brasileiro vai derrotar o Bolsonaro. E se ele sair correndo e não quiser entregar a faixa, é o povo brasileiro quem vai entregar”. Voltou a dizer coisa semelhante em fevereiro deste ano.

Se Bolsonaro é uma ameaça à democracia, e é, não é uma eleição que vai resolver o problema.

Ambos Lula e Bolsonaro gostam de metáforas de futebol. O jogador que comete falta violenta merece cartão vermelho; não se combate violência fazendo gol.

Mas nenhuma das duas equipes se importa com isso, porque o que ambos querem é roubar a bola. E comprar o juiz, o árbitro de vídeo, o gandula, etc.

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