O Museu Nacional precisava de US$ 18 milhões, ofereceram US$ 80 milhões, mas a UFRJ não quis

O acervo do Museu Nacional virou estatística como mais uma vítima de um danoso anticapitalismo. Foto: Tania Rego/Agência Brasil

O acervo do Museu Nacional entrou para a estatística como vítima de um anticapitalismo que tanto mal já fez ao Brasil e ao mundo

AS REDES SOCIAIS ficaram indignadas ao descobrir que, catorze anos antes, já havia um alerta sobre o risco de o Museu Nacional ser consumido pelo fogo. Mas a reportagem da Agência Brasil explicava que a falta de recurso era problema enfrentado há mais de meio século. Recorrendo a imagens de arquivo da emissora, uma edição do GloboNews Especial detalhou melhor o drama.

Os vinte minutos de vídeo abrem com Roberto Leher, atual reitor da UFRJ, culpando a verba escassa:

“É forçoso reconhecer que, no Brasil, os nossos museus infelizmente não dispõem de recursos compatíveis a importância dos museus. Esse museu tem o maior acervo da américa latina.”

Aos oito minutos, Janira Martins Costa, então diretora da casa, reclama de problema similar ainda em 1995. Com direito ao valor necessário para a restruturação: 18 milhões de dólares.

“No total, nós precisamos de 18 milhões de dólares porque precisamos construir um prédio para alojar o acervo científico que não tem mais condição nenhum de continuar dentro do Palácio Imperial.”

Uma matéria do Brazil Journal referendada por O Globo revelou que, justamente em 1995, o empresário Israel Klabin conseguiu junto ao Banco Mundial um orçamento de 80 milhões de dólares para reforma e modernização do Museu Nacional. A quantidade superava em mais de 4 vezes a conta de Janira. Mas “os professores e membros influentes da UFRJ foram contra”. Porque a única exigência era transformar o espaço numa “organização social” – uma entidade privada sem fins lucrativos que presta serviços à população com subvenção estatal.

Vinte e três anos depois, conforme alertado em 2004, um incêndio consumiu o acervo com mais de 20 mil peças. E trouxe dois dos três pisos do casarão ao chão. Aos 92 anos, o empresário desabafou:

Esse incêndio é fruto de um modelo arcaico de governança que não permite a modernização do país. Um funcionalismo que olha o Brasil de forma cartorial e funciona para si mesmo.”

Talvez caiba deixar claro que esse “modelo arcaico” é dos mais defendidos na academia brasileira. Só em 2018, derrubou dois prédios, ainda que por motivos bem distintos. Mas tudo se origina no mesmo anticapitalismo que, já está mais do que provado, nada resolve – e vez em quando acaba com quem mais se entrega a ele.

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