De uma forma geral, a esquerda acredita que o certo é retirar da cadeia os presos condenados pelas menores penas. Ignora, no entanto, que na cadeia brasileira está apenas uma pequena parcela daqueles que cometem delitos merecedores de punição numa terra em que mais de 60 mil são assassinados por ano.
De uma forma geral, a direita quer um Estado policial sem obstáculos para o encarceramento mesmo de quem ainda não esgotou os recursos às mais variadas instâncias. Ignora, no entanto, que o sistema carcerário já está há anos sobrecarregado.
Há um meio termo óbvio sendo ignorado por ambos os lados: a construção de mais presídios, e em volume que lembre as obras de infraestrutura para a Copa de 2014 – a ideia de converter alguns estádios pouco utilizados em penitenciárias é, inclusive, bem-vinda.
Um lado poderia celebrar um trato melhor reservado não só aos condenados, mas às famílias, que poderiam ter acesso a estruturas novas e bem planejadas. O outro poderia comemorar a redução do número de criminosos impunes. Empreiteiras poderiam se esbaldar tocando novos e gigantescos projetos públicos. E os governantes poderiam apresentar as edificações como obra concreta da luta contra o crime.
Falta, no entanto, vontade política para tomar este caminho. Na ânsia por bandeirar valores para a torcida organizada, a esquerda segue soando lunática ao defender que um país como o Brasil prende pouco. A direita faz ainda pior, negando-se a reservar qualquer verba pública à causa, e defendendo que os criminosos sejam empilhados – na cadeia, ou uma em uma poça de sangue qualquer.