O BRASIL É UMA NAÇÃO de histórias muito pitorescas, mas nada que se compare à bizarrice do ocorrido na eleição presidencial de 2018. O Partido dos Trabalhadores vinha de quatro vitórias consecutivas quando viu Dilma Rousseff cair por um processo de impeachment. Na ausência de desculpas razoáveis à opinião pública, insistiu exaustivamente que havia sido vítima de um golpe de Estado – que só fazia sentido na cabeça da própria militância.
Mas a estratégia não funcionou. Nem para manter o controle do Palácio do Planalto, nem para blindar da Justiça o fiador da presidente cassada, que findou preso em 2018 em decorrência dos eventos investigados pela operação Lava Jato.
Era o momento para se pensar adiante e oxigenar a sigla com novas lideranças, aquelas capazes de desenhar um futuro em que os mesmos vícios não se repetissem. Mas o petismo achou por bem recorrer ao ex-presidente que havia dado início à sequência vitoriosa.
O problema? O ex-presidente e o presidiário que cumpria pena de 12 anos por lavagem de dinheiro e corrupção eram exatamente a mesma pessoa: Luiz Inácio Lula da Silva, popularmente conhecido como Lula.
A coisa era tão flagrantemente ilegal – uma vez que a Lei da Ficha Limpa impedia condenados em segunda instância de buscarem cargos do tipo – que o PT chegou a lançar dois vices: Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e Manuela D’Ávila, do PCdoB, que entraria na chapa quando a Justiça Eleitoral impedisse o titular de seguir adiante com o plano.
A insanidade ainda contou com a coligação do PROS e apoio do PCO, além de setores do PSB. Na nota oficial, Haddad tentou justificar-se: “O que nos mantém unidos é a defesa incondicional do Lula“. Só não percebeu que, com aquelas palavras, confessava não ter condições de manter alguma sobrevida política sem as instruções de um criminoso enviadas diretamente da prisão.
