Alckmin ganhou o Centrão, mas não levou o baú

Alckmin levou o tempo do Centrão, mas não o dinheiro. Foto: Pedro França/Agência Senado.

GERALDO ALCKMIN CONSEGUIU atrair os partidos do Centrão (DEM, PRB, PP, PR e Solidariedade), em uma jogada fundamental para a sobrevivência de sua candidatura.  Com mais de 44% do horário eleitoral obrigatório, o ex-governador terá a faca e o queijo na mão para conquistar o voto das senhoras indecisas, o principal segmento do eleitorado em disputa nas próximas semanas (sim, faltam apenas 54 dias para o 1º turno).

Mas o acordo que inclui palanques nos estados e tempo de televisão não inclui o dinheiro.

Reportagem do Valor mostra que pelo menos oito partidos da coalizão pró-Alckmin não contribuirão com um único centavo para a campanha presidencial, preferindo usar a grana do fundo eleitoral para as campanhas de suas próprias bancadas.

Um dos motivos é que os partidos do Centrão engordaram de 2014 para cá com o troca-troca partidário. O DEM, que elegeu 21 deputados, hoje tem 43. O PP de Ana Amélia, que elegeu 38 deputados, hoje conta com 49. E o PR foi de 34 para 40. Já o PRB ficou do mesmo tamanho e o Solidariedade caiu de 15 para 11. Como os fundos eleitoral e partidário são distribuídos de acordo com a bancada eleita, os partidos trabalham para eleger ainda mais deputados este ano.

Já é sabido desde o ano passado que na eleição de 2018 os partidos dariam prioridade às suas bancadas no Congresso, em especial em reeleger quem já está em Brasília. Além da sobrevivência política e do poder de barganha, existe o subtexto de manter o foro privilegiado para se proteger da Lava Jato de Curitiba.

Nem mesmo a escolha de uma vice mulher vai resultar em algum trocado a mais para Alckmin. Ao Valor, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do partido, disse que a reunião que definiu os critérios de distribuição dos R$ 131 milhões a que o partido tem direito foi realizada em 4 de julho, bem antes da definição da senadora Ana Amélia (PP-RS) na chapa, em 2 de agosto. Assim, ficam dentro do PP os R$ 39 milhões destinados às campanhas de candidatas mulheres.

Resta a Alckmin contar com os R$ 43 milhões separados pelo PSDB para sua campanha e passar o chapéu em um crowdfunding realizado entre os fãs.

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