Em 15 estados, PT de Dilma se alia a partidos pró-impeachment

Dilma pode fingir que reclama, mas, da cadeia, Lula manda fechar com partidos pró-impeachment e pronto. Foto: Ricardo Stuckert

Dilma pode fingir que reclama, mas, da cadeia, Lula manda fechar com partidos pró-impeachment e pronto.

Foto: Ricardo Stuckert
DILMA ROUSSEFF ESTEVE na UFMG na terça (7) para abrir um “curso” do “golpe”, mais um entre tantos que proliferam nas universidades públicas. Durante mais de uma hora, discorreu sobre uma tese na qual um misterioso sujeito indefinido, identificado apenas como “eles”, deu um “golpe” – e não parou no impeachment. Na verdade, o “golpe” consiste em várias etapas, entre as quais estão as “antirreformas” aprovadas no governo Michel Temer e a prisão de Lula. O “golpe” a que Dilma se refere deve ser mesmo muito mais longo e complexo que o hadouken, o Kamehameha e a Cólera do Dragão, porque em 2018 o PT é aliado de partidos que apoiaram o impeachment em nada menos que 15 estados brasileiros (mais da metade, não custa lembrar). Levantamento do Estadão publicado na manhã seguinte à palestra de Dilma contou que o PT será cabeça de chapa ao governo em seis Estados com apoio de partidos que foram favoráveis à demissão de Dilma, e apoia outros nove candidatos a governador de siglas que também votaram pelo “sim”. Entre esses nove candidatos, há filiados ao PSD, PTB, PR, Rede e o “terrível” MDB do vilão Michel Temer. Dois exemplos ilustrativos: no Ceará, o PT simplesmente abortou a tentativa de reeleição do senador José Pimentel para não atrapalhar o presidente do Senado, Eunício Oliveira, candidato a reeleição – e do MDB. Em Mato Grosso, o senador Wellington Fagundes (PR), que votou a favor do impeachment, também descolou uma aliança com o PT. Eis aí a vantagem de ter uma tese cujo sujeito são “eles”. Sempre é possível afirmar que este ou aquele político do MDB, ou de qualquer partido, mesmo tendo votado a favor do impeachment, na verdade não está comprometido com o “golpe”. De uma manobra assim nem o Bruce Lee consegue se defender.
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