Direção da Globo ajuda Bolsonaro com ‘editorial ao vivo’

Miriam Leitão segurou os créditos do programa para ler ao vivo editorial da direção da Globo. Imagem: Reprodução/Globonews

A DIREÇÃO DA GLOBO acabou ajudando a candidatura de Jair Bolsonaro ao fazer Miriam Leitão ler um ‘editorial ao vivo’ (vídeo no link) na madrugada deste sábado (4), depois de encerrada a entrevista com o deputado.

Os créditos pareciam demorar a aparecer na tela e Bolsonaro já fazia piadas no estúdio quando a jornalista, que chefia as entrevistas coletivas com candidatos na Globonews, começou a recitar ao vivo um editorial da televisão.

Era uma resposta a uma declaração de Bolsonaro durante o programa que, NO TOCANTE aos fatos, está correta.

Bolsonaro mencionou editorial de O Globo apoiando o golpe de 1964, posição reiterada por Roberto Marinho vinte anos depois. Salvo se ouvi mal, Bolsonaro não disse que Roberto Marinho assinou o primeiro editorial, apenas o segundo, o de 1984.

O site oficial Memória Roberto Marinho dá o texto:

“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.

Quando a nossa redação foi invadida por tropas anti-revolucionárias, mantivemo-nos firmes em nossa posição.

Prosseguimos apoiando o movimento vitorioso desde os primeiros momentos de correção de rumos até o atual processo de abertura que deverá consolidar-se com a posse do futuro presidente (…)

Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, que um regime de força, consolidado há mais de dez anos, se tenha utilizado do seu próprio arbítrio para se autolimitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa. E esse, indubitavelmente, o maior feito da Revolução de 1964”.

Como Miriam Leitão disse no editorial da direção da Globo improvisado ao vivo, O Globo corrigiu sua posição em 2013, no texto Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro. É verdade. Mas Roberto Marinho morreu em 2003.

A notícia pode acabar tendo mais repercussão do que as respostas do candidato durante a entrevista.

E a campanha de Bolsonaro pode agora se gabar de que o candidato “dobrou a Globo”.

 

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