Economista quer que ricos paguem mensalidade em universidade pública

Gustavo Franco é ex-presidente do Banco Central e um dos pais do Plano Real. Foto: Daniela Toviansky/AE

Para Gustavo Franco, “quem tem condições de pagar tem que pagar o ensino público”

AS CHANCES DE VITÓRIA de João Amoêdo em 2018 são mínimas, até porque o projeto de poder do Novo mira um prazo longo, três eleições adiante. Nada disso, contudo, impediu o coordenador do programa econômico do presidenciável de jogar na roda ideias polêmicas. Como a destacada na manchete:

“Um dia vai ter que se fazer reforma do ensino superior. Vai ter muito gás lacrimogênio, mas tem que fazer. Quem tem condições de pagar tem que pagar o ensino público

O problema, como fica subentendido na fala de Gustavo Franco, é o movimento estudantil, que não se enxerga como parte de uma elite privilegiada que teria mais condições de ajudar do que receber ajuda, reservando a gratuidade do ensino público às camadas mais pobres da população.

Em 2014, por exemplo, descobriu-se que 6 em cada 10 estudantes da USP tinham condições financeiras para quitarem uma mensalidade. Enquanto uma medida corajosa do tipo não é tomada, a instituição segue tendo que arcar com uma folha de pagamento que bizarramente supera os 100%.

O ex-presidente do Banco Central entende essa maioria de estudantes como uma “burguesia endinheirada”. Não é um termo simpático, mas de fato é preciso compreender que, no momento em que membros da elite conquistam diplomas sem enfiar a mão no próprio bolso, o custo da formação é rateado por toda a sociedade, inclusive as faixas mais pobres – a quem uma formação do tipo mais faria diferença.

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