É possível ir ao segundo turno com menos de 20% dos votos

Terminal e urna eletrônica. Foto: TRE/RJ

Em cinco disputas presidenciais, nunca o segundo colocado superou o primeiro na etapa final

EM 1989, LULA CONSEGUIU uma vaga no segundo turno como a escolha de “apenas” 11,6 milhões de brasileiros. Se isso representava 17% dos votos válidos, equivalia a 16% dos depositados em urna, ou ainda magros 14% do total de eleitores.

Treze anos depois, quanto a disputa presidencial voltou a ser decidida em dois turnos, o ponto de corte foi mais alto, com José Serra se qualificando com 23% dos votos válidos, ou 17% do total.

Em 2006, Geraldo Alckmin precisou de quase 42% para não cair já na primeira fase. Quatro anos depois, Serra melhorou a própria marca e se aproximou dos 33%, um ponto percentual abaixo do atingido por Aécio Neves em 2014.

Para 2018, nos cenários testados sem a presença de qualquer presidiário, o líder – Jair Bolsonaro – em nenhum momento superou os 24%, ficando na média em 20%, com o segundo lugar – às vezes Ciro Gomes, às vezes Marina Silva – patinando entre 12% e 16%. Os números baixos favorecem a tese de que a disputa acirrada de 1989 pode se repetir.

Nos cinco segundos turnos realizados desde a redemocratização, nunca o segundo colocado conseguiu superar o primeiro, ainda que Aécio tenha surgido à frente de Dilma Rousseff em ao menos cinco pesquisas de três institutos distintos. Mas é também verdade que o líder jamais concluiu a primeira perna da corrida com tão pouco voto.

Independente do otimismo das torcidas organizadas, um trimestre antes do desfecho de eleição tão importante, o Brasil não tem a menor ideia de quem sairá vencedor dela. Isso pode soar excitante numa competição esportiva. No entanto, é o futuro do país em jogo, justificando noites e mais noites de insônia a qualquer cidadão minimamente consciente do perigo.

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