Escola pública em São Paulo dá o exemplo para combater “fake news”

No "Imprensa Jovem", alunos aprendem a diferenciar notícias falsas de Jornalismo. Foto: Pexels.com

Projeto “Imprensa Jovem” mostra que caminho está na educação dos leitores e não na censura

Foto: Pexels.com

TEM CRESCIDO MUITO na imprensa tradicional o alarde sobre as chamadas “fake news” – em especial após as vitórias do Brexit e de Donald Trump. Em maio deste ano, o Facebook no Brasil fechou uma parceria com as agências Lupa e Aos Fatos. Essas agências estão encarregadas de verificar notícias denunciadas como falsas por usuários da rede social, e, confirmado o diagnóstico, o alcance desses conteúdos pode ser reduzido “de forma significativa”.

O trabalho das agências de checagem é meritório, mas tem limitações.

Em primeiro lugar, não existem critérios claros a respeito das classificações que elas usam – para diferenciar, por exemplo, “falso”, “impreciso” e “insustentável“, entre outros carimbos.

Em segundo, não existem critérios claros a respeito das escolhas de pauta por parte das agências de checagem. Um episódio de abril deste ano envolvendo a senadora Ana Amélia (PP-RS) deixou isso bem claro. Ana Amélia foi acusada de confundir “Al Jazeera” com “Al-Qaeda”, em referência a uma entrevista da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A confusão nunca ocorreu. Como meu colega Marlos Ápyus mostrou, nenhuma agência de checagem desfez o boato.

E em terceiro lugar, a capacidade de combater “fake news” sempre será limitada. O volume de sites de boatos e trambiques – muitos deles patrocinados por grupos poderosos – é grande demais. E muito mais relevantes são a produção de mentiras oficialmente divulgadas e a formação de pautas por spin doctors profissionais – fenômeno que comecei a explicar em meu artigo Petistas Magros não Lutam Sumô™.

Cada leitor será seu próprio Detetive Virtual

A melhor solução, portanto, está em fornecer ao leitor as ferramentas de que precisa para avaliar uma notícia. É o que acontece na escola pública CEU-Casa Blanca, na periferia de São Paulo. No projeto “Imprensa Jovem”, informa a AFP, os alunos “verificam os textos, quem escreve, quem poderia ter interesse na publicação e onde são publicados, tudo como detalhes para questionar as notícias“.

Uma reportagem veiculada no Fantástico, por exemplo, ensina algumas dicas simples para que cada telespectador se torne um Detetive Virtual, como no quadro do programa. A única solução eficaz para combater “fake news”, portanto, é permitir que cada leitor seja sua própria agência de checagem.

Como neste texto, no qual deixei links para as fontes primárias de tudo o que estou dizendo.

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