Sem o Centrão, como Bolsonaro pretende governar?

PSL lançando a candidatura de Jair Bolsonaro a presidente. Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O presidenciável havia declarado que buscaria governar com o grupo que findou se coligando com Alckmin

NA RETA FINAL DAS definições de chapa, o “Centrão” mais uma vez se converteu em objeto de desejo daqueles que acreditam ter mais chance de vitória na busca pela Presidência do Brasil. Rodrigo Maia, na condição de presidente da Câmara Federal, achou que o grupo deveria se coligar com Ciro Gomes. Ao fim, o vitorioso foi Geraldo Alckmin, o que rendeu críticas de Jair Bolsonaro, logo rebatidas pelo tucano.

O ex-governador de São Paulo fala a verdade quando diz que o deputado federal cortejou o Centrão e só reclamou após a derrota. Mas é também verdade que Bolsonaro já havia imposto uma condição para trabalhar com o Centrão, condição esta que, alertou o colunismo político, não foi problema para Alckmin.

Questionado sobre como pretenderia governar, uma vez que em raras oportunidades convenceu o Congresso a aprovar-lhe projetos, o candidato do PSL disse que batalharia os votos do Centrão, desde que o Centrão abrisse mão do “toma lá, dá cá”:

“Eu quero agradecer o Centrão. O Centrão acabou de dizer que vai votar comigo o ano que vem se eu for presidente. Que ele diz aqui no item catorze, olha que coisa bonita o Centrão: ‘na velha e esgotada fórmula de convivência baseada nas trocas de cargos e verbas por votos dentro do parlamento, muitas vezes com feições nada republicanas’. Então eu espero negociar com o Centrão, com os deputados destes partidos, baseados nisso que vocês escreveram. É isso que nós queremos, sem o ‘toma lá, dá cá’.

O próprio tom da fala de Bolsonaro denota que não punha muita fé no que o Centrão lhe prometia. E o tempo provou que a aposta era mesmo de alto risco. O que rende pontos positivos ao candidato, uma vez que evitou o “toma lá, dá cá”. Ao mesmo tempo em que deixa em aberto questão tão importante: agora que se sabe que o Centrão não abre mão do fisiologismo, como Bolsonaro pretende governar?

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