SE AS URNAS ELETRÔNICAS carecem da transparência necessária para que o cidadão confie no resultado das eleições, o combate do TSE ao que chama de “fake news” não tem ajudado. O Estadão Verifica tentou acessar as atas das reuniões do Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições. Em vão. O Tribunal Superior Eleitoral classificou todas como “reservadas”.
Para tanto, alegou que o debate conteria “informações estratégicas”, mas não seguiu o rito definido pela Lei de Acesso à Informação, que demanda a especificação do tipo de discussão e de risco corrido com uma eventual divulgação. De quebra, não ofereceu possibilidade de recurso, outra exigência da legislação.
Com isso, a eleição mais importante da história do País fica ainda mais nebulosa. Em mais de uma oportunidade, o presidente da casa afirmou que o pleito poderia ser cancelado em decorrência da profusão de notícias falsas. Para tanto, conforme registrou a Folha de S.Paulo, ignorou que o próprio TSE se baseou numa notícia falsa para dar início aos trabalhos:
“Na condição dos pesquisadores responsáveis por essa suposta pesquisa da USP, gostaríamos de aproveitar a oportunidade para esclarecer que esse tão difundido estudo não passa de um grande mal-entendido que rapidamente se tornou uma espécie de “notícia falsa sobre notícias falsas”. Não existe um ranking dos maiores sites de notícias falsas feito pela USP ou com base em estudo da USP.”
A desinformação é, de fato, um problema a ser combatido. Mas há maneiras e maneiras de se fazer um bom combate.