SÃO EXTREMAMENTE VÁLIDAS as críticas ao uso do “fact-checking” como ferramenta para redução de alcance ou bloqueio de páginas e perfis em redes sociais ou motores de busca. Porque, na prática, e mesmo que em ambiente privado, escala um grupo muito privilegiado de censores entre o consumidor e a informação que este quer consumir. Como são seres humanos com tudo o que há de mais complexo num ser humano, os fact-checkers hão de fatalmente cometer injustiças, trazendo graves prejuízos às liberdades de expressão e da própria imprensa.
Mas…
Talvez tenha faltado ao grupo de críticos – cujo o autor destas palavras integra – ressalvar que a desinformação é, de fato, um problema a ser contido. Neste sentido, a campanha “Não deixe o fake virar news!” lançada pela Rede Globo parece indicar um bom caminho. Em dado momento, é dito: “Antes de compartilhar qualquer conteúdo, duvide e confira“.
Não deixe o fake virar news!! Duvide. pic.twitter.com/qtyNupmnx1
— Globo (@RedeGlobo) July 23, 2018
A dica é valiosa não só para usuários de redes sociais, mas também para editores de veículos alternativos e, claro, para a própria imprensa tradicional, tão viciada em reverberar declarações infundadas sob a garantia de que a culpa recairá sobre o autor das aspas. Não passar adiante informação duvidosa foi um dos pontos pacíficos da primeira edição do Redes Cordiais, realizado em São Paulo no inverno de 2018 com a participação d’A Agência.
Segue sem resposta o real poder das chamadas “fake news”, ou seja, qual o seu volume ou até que ponto de fato interferem nos rumos das decisões da sociedade. Mas talvez seja de comum acordo que um mundo em que elas são menos compartilhadas é mesmo um mundo melhor.