Sempre que um militante explora uma false flag, as vítimas reais são prejudicadas

Foto: Henryk Niestrój / Pixabay

Cristiane Machado precisou prolongar o próprio sofrimento porque vive num mundo em que usam a falsa comunicação de crime como arma política

Foto: Henryk Niestrój / Pixabay

O homem que ela chamava de príncipe é o mesmo que aparece em imagens gravadas em agosto deste ano. No vídeo ele empurra Cristiane, tira seus sapatos e lhe dá uma surra. Cristiane se tornou mais uma vítima de violência doméstica e agora tem medo de se tornar também mais uma vítima de feminicídio.

Atriz instalou câmeras escondidas para provar perigo de ser morta pelo marido

Cristiane Machado já tinha as marcas no corpo. Mas precisou esconder câmeras na própria residência, e mais uma vez correr risco de morte, para provar que vinha sendo vítima das agressões de Sergio Schiller Thompson-Flores, marido da atriz e ex-diplomata.

Durante a eleição de 2018, uma garota surgiu no noticiário com uma suástica riscada na própria pele por um canivete. Atribuía a lesão a militantes contrários ao movimento “Ele Não”, o que logo foi entendido como eleitores de Jair Bolsonaro.

Algumas bolhas virtuais compraram a versão da garota, mas a descrença imperou, com a opinião pública desconfiando que a própria vítima havia se cortado. Parecia falta de empatia, mas a investigação concluiria que tudo não passara de mais uma false flag.

É preciso deixar claro: Cristiane precisou prolongar o próprio sofrimento porque vive num mundo em que usam a falsa comunicação de crime como arma política. Sempre que um militante explora artifício tão abjeto, a situação das vítimas reais de crimes tão repugnantes se torna ainda mais difícil.

Isso tem que acabar. E este fim passa por uma cautela maior da imprensa na divulgação de casos ainda pouco apurados.

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