Entrevista de Haddad no ‘JN’ nem deveria ter acontecido

Haddad no 'JN': boa-noite ao presidiário Lula e nenhum arrependimento. Foto: Reprodução/TV Globo

A ENTREVISTA DE HADDAD NO ‘JN’ na sexta-feira (14) nem deveria ter acontecido. A Globo concedeu um bônus ao PT que foi não apenas desnecessário, mas injusto.

O Jornal Nacional reservou para os candidatos à Presidência a última semana de agosto. Ciro Gomes foi o primeiro entrevistado, no dia 27. Foi seguido por Bolsonaro, Alckmin e Marina. Provavelmente não foi coincidência que Haddad foi entrevistado numa sexta-feira; esse era o dia reservado ao candidato do PT ou quem quer que completasse o ranking dos top 5 nas pesquisas de opinião.

Na última semana de agosto, os candidatos estavam todos definidos, os prazos, encerrados; e já havia acontecido dois debates na TV. O PT, por sua própria escolha, insistiu em ter um candidato presidiário até o fim.

Apenas em 11 de setembro o partido trocou oficialmente Lula por Haddad, movimento antecipado por A Agência em 24 de julho.

Todos os outros grandes partidos, portanto, cumpriram as regras: definiram candidatos e vices dentro do prazo. Assim, compareceram ao maior telejornal do Brasil na semana reservada para as entrevistas.

Haddad no ‘JN’ é um absurdo. O partido decidiu esperar uma declaração do TSE sobre o óbvio dos óbvios: um presidiário não pode ser candidato. Inclusive, a Lei da Ficha Limpa foi assinada em 2010, pelo então presidente Lula!

Imaginem se agora Haddad reivindica presença retroativa nos debates na Band e na RedeTV! Isso é impossível, mas no ‘JN’ ele conseguiu comparecer. Sua presença duas semanas depois dos outros candidatos é um desrespeito com quem resolveu não indicar para Presidente alguém que está atrás das grades.

Houve quem criticasse as perguntas dos apresentadores, que se concentraram no passado de Lula, do PT e do próprio Haddad em vez das propostas do candidato para o futuro. Mas a pauta foi legítima. Haddad no ‘JN’ se apresentou desde o começo como porta-voz do presidiário, dando um boa-noite a Lula. Se for eleito, será aviãozinho do comandante, dando ou não o indulto. E para usar um termo caro a ele na entrevista, sua campanha propositalmente induz o eleitor ao erro ao tentar mostrar que o candidato ainda é Lula, e não o ex-prefeito demitido em 1º turno.

 

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