CIRO GOMES FOI O PRIMEIRO candidato à Presidência entrevistado pelo Jornal Nacional. A sabatina foi nesta segunda-feira (27). Como costuma acontecer, o ex-ministro de Lula desdisse coisas que disse publicamente, como suas declarações a respeito de Sergio Moro. E apesar da correta insistência de Bonner sobre seu slogan ilusório de “tirar o brasileiro do SPC”, insistiu: “eu vou tirar o nome do povo brasileiro do SPC mesmo”.
Bonner estava alertando para o fato de que o slogan do programa de refinanciamento induziria o eleitor a acreditar que se trata de uma política de perdão da dívida, o que é uma preocupação absolutamente pertinente.
A presença de Ciro no Jornal Nacional foi muito ilustrativa de seu comportamento como vendedor de ilusões. Com mil faces, o candidato se apresenta de forma diferente de acordo com o público. Após ter abandonado congresso de prefeitos mineiros ainda em junho deste ano, e no mês seguinte xingado a promotora que solicitou abertura de inquérito contra ele, Ciro agora posa de calmo e conciliador.
Desafiando a apuração da equipe do maior telejornal do País, Ciro insistiu que seu mestre Carlos Lupi não é réu (e ele é, desde 2015, por improbidade administrativa). E reiterou: “Lupi terá no meu governo a posição que quiser”.
No melhor ato falho da entrevista de Ciro no Jornal Nacional, o atualmente pedetista disse ser diferente em tudo de sua vice, Kátia Abreu:
“A Kátia Abreu veio pra cá não é porque é igual a mim, mas porque é diferente. A Kátia Abreu veio porque é mulher, séria, trabalhadora, veio de uma vida linda…”
O livro À Sombra do Poder foi escrito por Rodrigo Almeida, ex-secretário de imprensa de Dilma. Na página 125 está escrito o que os petistas do círculo interno do partido pensam a respeito de Ciro:
“A manifestação do desconforto [em relação a encontro do vice Michel Temer com empresários na Fecomércio-SP] veio de um aliado de fora do governo, mas extremamente útil nos momentos em que era necessário fazer um ataque além do tom padrão: o ex-ministro Ciro Gomes. Em declaração pública, Ciro chamou Temer de “capitão do golpe”. Buscava-se ali transmitir ao País a imagem de que o Brasil tinha um vice-presidente conspirando contra a presidente”.
Ciro no Jornal Nacional disse: “para mim, o Lula não é um satanás como certos setores da imprensa e da opinião brasileira pensam (…) Ele foi um presidente que eu tive a honra de servir como ministro e foi um presidente que fez muito coisa boa para muita gente do Brasil.”