O NOVO GOVERNADOR DE MINAS GERAIS, Romeu Zema (NOVO), começou a administração com a demissão de cerca de 6 000 funcionários comissionados (que não fizeram concurso público). Os reais impactos, contudo, ainda não estão claros.
Em entrevista ao Bom Dia Minas nesta quarta-feira (2), Zema declarou que o “antigo governo” (de Fernando Pimentel, do PT) não forneceu acesso aos dados financeiros, e por isso apenas agora sua equipe pode começar a entender a real situação das contas. Afirmou, contudo, que o “Estado está falido” e que encerrar o parcelamento dos salários dos funcionários públicos, em vigor desde janeiro de 2016, vai depender de renegociação de dívidas com o governo federal.
Com efeito, o então governador Pimentel declarou calamidade financeira do Estado em dezembro de 2016.
Na entrevista desta manhã, Zema também contou o seguinte sobre o corte de cargos:
“Se o atual governo [ele quis dizer o de Pimentel] tivesse reduzido o que ele considera pouco – que são cerca aí de 6 000 funcionários que estão sendo exonerados hoje, inclusive pela medida do antigo governo – ele teria tido condição de, pelo menos nos 48 meses que durou a gestão dele, de estar pagando meio 13º [salário: Pimentel encerrou o governo sem pagar]. Já seria alguma coisa, concorda? Mas ele falou: “isso é desprezível””.
De fato, no apagar das luzes de 2018, o governo Pimentel mandou exonerar cerca de 4 000 comissionados com salários superiores a 6 000 reais. O então secretário Helvécio Magalhães disse que era para atender a uma demanda do governo-eleito.
Na manhã do Ano-Novo, o novo secretário de Planejamento e Gestão, Otto Levy Reis, sucessor de Helvécio, afirmou que a equipe de Zema “não queria que isso acontecesse”. Declarou que tinham uma maneira “mais planejada” de fazer a redução. Levy disse que será preciso recontratar alguns dos exonerados. Ou seja, a demissão em massa foi uma armadilha do ex-governo petista.
Não obstante, em seu primeiro ato como governador, Zema mandou exonerar outros tanto comissionados, numa lista mais ampla que a de Pimentel. A do petista ia de DAD 9 a 12 e de DAI 33 a 40; a lista de Zema vai de DAD 1 a 12 e de DAI 1 a 40. Segundo o decreto, cabe às unidades de RH das secretarias encaminhar nesta quarta (2) a relação de servidores. É impressionante que em 2019 um governo estadual não tenha ainda um software do tipo ERP para já saber de antemão quantos funcionários tem.
De demitir Zema entende. Em outubro de 2016 seu grupo empresarial fechou 68 lojas e demitiu 2 100 funcionários. Ironia do destino que a crise econômica seja de responsabilidade do PT, derrotado agora por Zema nas urnas.
De toda essa bagunça, ao menos uma boa notícia para todos: Zema poupou os servidores da Fundação Ezequiel Dias (Funed), que durante a campanha ele não sabia o que era. A falha até virou piada nas mãos da excelente imitação de Marcelo Adnet.