O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF) DENUNCIOU nesta segunda-feira (26) o controlador da empreiteira ARG, Rodolfo Geo, por tráfico de influência em transação comercial internacional e lavagem de dinheiro. Lula também está entre os investigados na ação.
No mesmo dia, os pais de Rodolfo, Adolfo Geo e Margarida Gianetti Geo, morreram em um desastre de avião. O Cessna Citation M2 em que estavam – com capacidade para oito passageiros – caiu durante tentativa de pouso na fazenda da família em Jequitaí, no norte de Minas. O piloto Marco Aurélio e o co-piloto Oliver também morreram.
O MPF afirma, segundo o G1, que Rodolfo Geo pediu a Lula para que interviesse junto ao ditador da Guiné Equatorial, Obiang Nguema Mbasogo, “para que o governo continuasse realizando transações comerciais com a ARG, especialmente na construção de rodovias”. O Estado de Minas acrescenta que “[o]s fatos teriam ocorrido entre setembro de 2011 e junho de 2012, quando o petista já não era presidente”.
A história já circula na imprensa mineira há algum tempo. Em abril de 2015, coluna da jornalista Raquel Faria no jornal O Tempo contava:
“Foi a construtora mineira ARG, e não a baiana Odebrecht, que intermediou o patrocínio do desfile da Beija Flor pela Guiné Equatorial, segundo a nova edição da revista Matéria Prima. A revista afirma que a empresa criada em Belo Horizonte por Adolfo Geo e seu filho Rodolfo mantém há cerca de sete anos relações comerciais com o governo do ditador Teodoro Obiang.
(…) Obiang teria caído de amores pelo samba e pela Beija Flor em 2013, após ver os desfiles na Sapucaí e levar a escola de Nilópolis para apresentações públicas na Guiné. Tudo com a ajuda de Rodolfo Geo“.
No mesmo ano, empreendimentos de Rodolfo Geo foram parar em coluna do jornalista Kenneth Rapoza, da revista Forbes. Em artigo intitulado “Dinheiro da Lava Jato do Brasil está escondido em Miami?”, escreveu:
“Geo Filho comprou um apartamento no condomínio Ocean 4 Sunny Isles Beach com sua esposa, Lillian De Almeida Geo, em 2007, por meros US$ 1,36 milhão de dólares. Uma hipoteca pela propriedade comercial de US$ 140 milhões não foi registrada, sugerindo que a holding da família pagou em dinheiro vivo pela torre do SunTrust Bank”.
Na verdade, a ARG já ganhava as páginas da imprensa na década passada. Em reportagem de 2007 da IstoÉ intitulada “Outro braço do mensalão?“, podemos ler:
“(…) [E]ntre 2002 e 2005 a construtora ARG sacou R$ 102 milhões, em dinheiro vivo, do Banco Rural. Mais: na agência do Rural de Belo Horizonte, com o mesmo gerente que operou para o famoso Marcos Valério, Lucas da Silva Roque (…) Procurado por ISTOÉ, Rodolfo Giannetti Geo admitiu os saques em dinheiro vivo, mas negou que tenham qualquer irregularidade ou relação com o mensalão. “Os valores sacados em conta corrente da ARG são utilizados para pagamento de suas legítimas operações comerciais”, explicou Rodolfo Geo. Ele não quer, no entanto, comentar como foram utilizados os R$ 102 milhões sacados no Banco Rural. Além da construtora, os Geo têm lojas de pneus e criação de peixes (…)
A ARG é velha conhecida das autoridades federais (…) Segundo pesquisa do site Contas Abertas, a ARG Ltda. recebeu R$ 246 milhões do governo de 2002 a 2005. No TCU há cinco decisões dos ministros acusando as obras da ARG de licitação direcionada e superfaturamento. Num dos processos, o TCU calcula que uma obra tocada pela empreiteira, um trecho da BR-342 entre Minas e Espírito Santo, foi superfaturada em 83,84%”.
Em setembro deste ano, a 23 dias do 1º turno da eleição, a Polícia Federal apreendeu mais de US$ 16 milhões em dinheiro e joias que estavam com o vice-presidente da Guiné Equatorial, que pousara no aeroporto de Viracopos (o vice-presidente Teodorín é filho do ditador Teodoro Obiang). Só de dólares em dinheiro vivo havia US$ 1,5 milhão.
Tudo mera coincidência.
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