Dilma Rousseff virou ré por denúncia apresentada por Rodrigo Janot

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Janot: denúncia contra Dilma só depois do impeachment.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O procurador-geral da República é escolhido pela Presidência da República. E, ao contrário do que vende a imprensa à opinião pública, a escolha independe das opções apresentadas pela lista tríplice dos procuradores. Portanto, por mais técnico que seja o perfil do nomeado, este precisa ter um diálogo mínimo com o centro do poder – incluindo o Senado, que referenda a decisão.

Não por outro motivo, surpreende o fato de Dilma Rousseff ter se tornado ré pela caneta de Rodrigo Janot. O ex-procurador-geral chegou à condição na metade final do primeiro mandato da petista. E veio a ser reconduzido ao cargo no segundo. No intervalo, demonstrava uma sede enorme para caçar adversários do petismo, como Aécio Neves, Eduardo Cunha e o próprio Michel Temer, e uma incômoda lentidão para fazer trabalho semelhante em prejuízo ao PT.

Em setembro do ano passado, antes de deixar o cargo, o então procurador-geral da República Rodrigo Janot denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de organização criminosa, além de Lula e Dilma, os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, do Planejamento Paulo Bernardo, de Comunicação Social Edinho Silva, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, e a senadora Gleisi Hoffmann, que atualmente ocupa a presidência do PT.

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Mas o contexto da denúncia, de certa forma, confirma o peso político da função. Como destacou a Folha de S.Paulo, ocorreu já nos últimos momentos da gestão Janot. Sem conseguir emplacar o sucessor, seria interpretado pelos críticos como partícipe de uma manobra fracassada que visava à queda do governo Temer. É verdade que incluiu os quadros da JBS no noticiário policial. Mas as trapalhadas foram tantas que mesmo um denúncia tão importante findava compreendida como um aceno desesperado à opinião pública.

Em maio de 2016, a imprensa registrou que Dilma passara a ter em Janot um traidor. Se o sentimento de fato era verdadeiro, de fato havia um acordo de camaradas que se desfez no mesmo mês em que a petista seria afastada pelo processo de impeachment – não por coincidência.

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