Minas Gerais é o obstáculo final para vitória de Haddad?

Minas Gerais pode decidir - pela primeira vez. Foto: Divulgação/Newart do Brasil LTDA

ALGUNS INTELECTUAIS BRASILEIROS gostam de importar conceitos que não nos cabem. Um deles é usar números ordinais para os presidentes: fulano de tal é o 30° presidente, por exemplo. Perfeitamente aplicável aos ocupantes da Casa Branca, o termo não veste os nossos líderes, por causa da bagunça da nossa história (disclaimer: li isto pela primeira vez em ensaio de Roberto Pompeu de Toledo muitos anos atrás). Carlos Luz conta como presidente? E a junta militar, foram três? Tancredo conta?, etc. etc.

Outra missão intelectual é a busca pela “Ohio brasileira“. A ideia é atraente porque desde 1964 esse estado sempre votou no vencedor da eleição presidencial: seja democrata ou republicano, para onde vai Ohio, vai o Colégio Eleitoral. Em tese, o análogo brasileiro é Minas Gerais: já chamado de “estratégico”, teria dado “decisivo empurrão para Dilma” em 2014.

Mas uma análise fria dos números mostra que não é bem assim.

Tivemos sete eleições presidenciais na Nova República: em todas elas, de fato, Minas Gerais votou no vencedor. Mas não é o único estado com esse comportamento. Bahia, Tocantins e Pará (por exemplo) também votaram em Collor, FHC, Lula e Dilma em seus respectivos anos.

Não sendo indicador como Ohio, Minas seria pelo menos decisiva? Vamos consultar as duas eleições mais apertadas: 1989 e 2014.

Em 1989, Minas Gerais deu 3 353 574 votos a Lula e 4 185 364 a Collor: uma diferença de uns 830 000 votos a favor do candidato do PRN. Mas Collor venceu por pouco mais de 4 milhões de votos; Minas contribuiu, mas não foi sozinho um Estado decisivo para a vitória.

Em 2014, Dilma venceu por margem ainda mais apertada: 3,4 milhões de votos, e num universo de eleitores bem maior (105 milhões de votos válidos em vez de 66 milhões). Em Minas, a petista bateu Aécio em 550 000 votos. Isso quer dizer que, mesmo que os resultados no Estado natal dos dois fossem trocados, resultando num saldo positivo de 1,1 milhão de votos para Aécio, ela ainda teria vencido.

Minas Gerais é o segundo colégio eleitoral do País, e as constantes visitas dos candidatos à Presidência ao estado mostram sua importância. Mas mesmo nas eleições apertadas ainda não é possível dizer que alguém chegou ao Planalto por ter vencido em Minas, ao menos não pelos saldos que observamos.

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Dito isso…

Existe uma tese de que a vitória de Fernando Pimentel já no 1º turno em 2014 ajudou a reeleição de Dilma. Como os prefeitos (importantes cabos eleitorais) já sabiam que o próximo governador seria do PT, ficaram acanhados de fazer propaganda para Aécio no 2º turno. Faz sentido.

Segundo Datafolha publicado na sexta (28), Pimentel será derrotado. A simulação de 2º turno dá vitória de Anastasia por 46% a 31%. O atual governador também tem a maior rejeição.

Se a eleição de 2018 for ainda mais apertada do que a última, poderá ser definida em Minas.

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