QUANDO O DATAFOLHA foi a campo em 20 e 21 de agosto, aproveitou não só para levantar o interesse da população na corrida presidencial, mas também em temas que não saem do centro do debate. Além do porte de arma, o instituto questionou o entrevistado sobre uma ampliação da lei que permite o aborto – já legalizado para casos de estupro e má formação fetal.
E o quadro segue o mesmo desde 1993, com uma maioria contrária à inclusão de novas justificativas. A série histórica começou com 54% defendendo que a lei não sofra qualquer alteração. Esta camada atingiu o ápice em 2010, chegando a 71 pontos percentuais, cresceu entre 2014 e 2015, mas sofreu uma queda de 8% desde então, atingindo os atuais 59 pontos.
A ala favorável a uma ampliação começou com 41% em 1993, caiu a 18% em 2010, e atualmente se encontra nos mesmos 27% medidos em 2015, variando apenas positivamente de 11% para 14% entre os que defendem a legalização sem qualquer limite.
Em outras palavras, um plebiscito sobre o tema, como defende a presidenciável Marina Silva, dificilmente conseguiria alterar a lei já em vigor. Isso talvez subtraia votos da candidata junto ao seu berço ideológico, mas pode blindar de uma eventual perda perante o eleitorado evangélico, que vem votando na ex-senadora há 8 anos.
O que, claro, frustraria os planos de Jair Bolsonaro, que aposta no desconhecimento da população sobre o tema ao ver algum risco real de mudança da lei caso a proposta da adversária seja posta em prática. Melhor do que ninguém, o candidato do PSL sabe que as mulheres podem mudar o rumo desta eleição.