QUANDO SE DIGLADIARAM no debate da Rede TV!, os presidenciáveis Jair Bolsonaro e Marina Silva tinham objetivos distintos. Ela queria atrair ainda mais o voto feminino, tão caro ao adversário. Ele, o voto religioso, característica que mais atrai a intenção do eleitorado a ela. Para tanto, o deputado federal trabalhou a ideia de que um plebiscito ampliaria a lei de aborto, o que carece de sentido. E, em dado momento, já falando às eleitoras, disse que defendia o posse de arma para “a mulher de bem, se assim ela desejar“. Mas talvez essa não tenha sido a melhor das estratégias.
Porque o Datafolha de 21 de agosto de 2018 revelou que uma considerável maioria de 58% dos brasileiros acredita que “a posse de armas deve ser proibida, pois representa ameaça à vida de outras pessoas“. Do outro lado, uma significativa minoria de 40% concordou que “possuir uma arma legalizada deveria ser um direito do cidadão para se defender“.
O debate fica mais interessante quando se observa o gênero do entrevistado. Dentre os homens, uma pequena maioria de 52% se disse a favor da posse de uma arma. Já entre as mulheres, uma folgada maioria de 68% se disse contra.
Além da ala masculina, só o recorte mais rico (50%) e a população da região Sul (49%) formam uma frágil maioria a favor do posse, mas estas findam em empate na margem de erro com a fatia menor.
De qualquer forma, o resultado demanda a conclusão de que Bolsonaro errou ao evocar o tema no debate televisionado para todo o país, uma vez que vem se esforçando para deixar de ser entendido como um candidato que fala quase que exclusivamente para homens. E isso deve ter somado para que, após o duelo, passasse a reavaliar a participação em debates – cuja programação pode ser conferida neste link e, temporariamente, na barra lateral do site d’A Agência.