‘Mensalinho do Twitter’ aguarda julgamento no TRE-MG

O ex-deputado Miguel Corrêa (PT-MG): aguardando decisão da Justiça Eleitoral sobre o 'mensalinho do Twitter'. Foto: Agência Minas

O ex-deputado Miguel Corrêa (PT-MG): aguardando decisão da Justiça Eleitoral sobre o ‘mensalinho do Twitter’.

Foto: Agência Minas

A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL do “mensalinho do Twitter”, também conhecido como “#LulaZord” ou “WellingtonDiasGate”, teve sua instrução probatória encerrada em fevereiro e aguarda agora uma decisão.

A última movimentação no processo foi registrada em 18 de março: “Conclusos para decisão”. Agora, a decisão pode ser emitida monocraticamente pelo relator – o desembargador Rogério Medeiros – ou, no cenário mais provável, será submetida à avaliação de um colegiado de sete juízes (o presidente vota apenas em caso de empate). Não há prazo para isso ocorrer.

Constam como réus o ex-deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), candidato a senador em 2018, e Lidia Corrêa Alves Martins, sua sobrinha e sócia. Eles respondem por prática de abuso do poder econômico. No primeiro despacho, o relator resumiu assim a inicial do Ministério Público:

“Afirma que, com as investigações, foram identificados candidatos beneficiados pelo esquema em vários estados, sendo a presente ação restrita à prática abusiva de Miguel Correa da Silva Júnior, por ser ele o único candidato de Minas Gerais identificado. Conta que foi utilizado o grupo empresarial composto pelas empresas Fórmula Tecnologia Ltda, Follow Análises Estratégicas Ltda, Beconnected Tecnologia Ltda e Golz Tecnlogia Ltda, as quais eram controladas e dirigidas pelos investigados, que, inclusive, eram sócios das duas primeiras. Sustenta que havia uma unidade diretiva entre as empresas com o objetivo de beneficiar a campanha eleitoral de Miguel Correa da Silva Júnior, por meio da criação e utilização do aplicativo “Brasil Feliz de Novo”, o qual foi desenvolvido pela Fórmula Tecnologia Ltda e Follow Análises Estratégicas Ltda, conforme se infere dos depoimentos juntados aos autos. Destaca que um número significativo de pessoas fez o download do aplicativo, tendo acesso às notícias que promoveram a candidatura do investigado”.

Em agosto de 2018, A Agência noticiou sobre a campanha digital do PT que buscava publicar mensagens favoráveis a seus candidatos “sem sinalizar ação política”. A militantes de esquerda na internet foi prometida uma remuneração de até 2 000 reais por mês em troca de posts com a agenda do dia. Muitos reclamaram quando a “ordem do dia” foi elogiar o governador do Piauí, Wellington Dias, que acabou reeleito.

A prática é proibida pela legislação eleitoral. O dinheiro pode ser usado na internet apenas para “impulsionar” (dar mais visibilidade) conteúdos das páginas oficiais das campanhas.

Na época, a assessoria do governador Wellington Dias divulgou nota negando que a ação era de responsabilidade de sua campanha, e afirmando se tratar de um “movimento nacional”. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, inicialmente disse que o partido “estava averiguando” a situação. Aconteceu o óbvio: usuários do aplicativo reclamaram de não terem sido pagos.

O mensalinho do Twitter era coordenado por um aplicativo inicialmente chamado “Follow” (nome de uma das empresas de Miguel Corrêa), e os interessados deveriam confirmar seus e-mails enviando uma mensagem de WhatsApp para um número de DDD 31, de Belo Horizonte. Depois o nome do aplicativo mudou para “O Brasil feliz de novo”, slogan da campanha de Lula à Presidência em 2018.

Em 28 de agosto, A Agência correu atrás de Miguel Corrêa e esteve no prédio de suas empresas, no bairro Savassi, em BH. Ele não nos atendeu, e faltou naquela noite ao próprio comício, ao qual compareceram Fernando Haddad, Manuela d’Ávila e Dilma Rousseff. Posteriormente, uma fonte ligada ao PT nos contou que teria sido Haddad quem vetou a presença de Corrêa no palanque.

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