Cabe ao próprio Governo Bolsonaro explicar quem mandou matar Bolsonaro

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Na Polícia Federal, delegados já não escondem a insatisfação com as cobranças públicas feitas pelo presidente da República.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Com uma dose cavalar de boa vontade, talvez fizesse algum sentido Jair Bolsonaro perguntar nas redes sociais, em 17 de dezembro de 2018, “quem mandou matar Bolsonaro“. Mas, passada a ressaca do réveillon, a questão se convertia em puro nonsense. Porque, no 2 de janeiro seguinte, o presidente da República nomeou Sérgio Moro para o Ministério da Justiça. O mesmo Moro que havia escolhido Maurício Valeixo para a Direção-Geral da Polícia Federal. A mesma PF que, em 16 de janeiro, pediu mais três meses para seguir investigando Adélio Bispo.

Em outras palavras, ao assumir a Presidência da República, Bolsonaro passou a liderar a cadeia de comando que toca a investigação do atentado que quase o matou. Se há uma instituição que deve satisfações a respeito de quem teria mandado matar o ainda presidenciável, esta instituição é o próprio Governo Bolsonaro.

Mas nada disso impediu Eduardo Bolsonaro, deputado federal e escrivão concursado justamente na Polícia Federal, de insistir na questão em 07 de fevereiro de 2019. Ou mesmo de o próprio pai, três dias depois, em mais uma cortina de fumaça lançada à opinião pública, fazer cobranças públicas alinhadas com a narrativa.

Como esperado, a postura revelou-se um tiro no pé. O vídeo constrangeu integrantes da PF, surpreendendo delegados. Em grupos privados de discussão, a insatisfação já é externada, com alguns dizendo que o presidente da República desperdiçou uma chance de continuar calado.

Enquanto isso, o vice-presidente segue arrumando a bagunça armada pelo titular.

É bom já ir repensando a abordagem dada ao tema.

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