Com uma dose cavalar de boa vontade, talvez fizesse algum sentido Jair Bolsonaro perguntar nas redes sociais, em 17 de dezembro de 2018, “quem mandou matar Bolsonaro“. Mas, passada a ressaca do réveillon, a questão se convertia em puro nonsense. Porque, no 2 de janeiro seguinte, o presidente da República nomeou Sérgio Moro para o Ministério da Justiça. O mesmo Moro que havia escolhido Maurício Valeixo para a Direção-Geral da Polícia Federal. A mesma PF que, em 16 de janeiro, pediu mais três meses para seguir investigando Adélio Bispo.
Em outras palavras, ao assumir a Presidência da República, Bolsonaro passou a liderar a cadeia de comando que toca a investigação do atentado que quase o matou. Se há uma instituição que deve satisfações a respeito de quem teria mandado matar o ainda presidenciável, esta instituição é o próprio Governo Bolsonaro.
Mas nada disso impediu Eduardo Bolsonaro, deputado federal e escrivão concursado justamente na Polícia Federal, de insistir na questão em 07 de fevereiro de 2019. Ou mesmo de o próprio pai, três dias depois, em mais uma cortina de fumaça lançada à opinião pública, fazer cobranças públicas alinhadas com a narrativa.
Como esperado, a postura revelou-se um tiro no pé. O vídeo constrangeu integrantes da PF, surpreendendo delegados. Em grupos privados de discussão, a insatisfação já é externada, com alguns dizendo que o presidente da República desperdiçou uma chance de continuar calado.
Enquanto isso, o vice-presidente segue arrumando a bagunça armada pelo titular.
É bom já ir repensando a abordagem dada ao tema.
