Apoio de Gleisi a Maduro não é desvio, mas natureza do PT

A natureza do PT é imutável, por mais que alguns eleitores queiram torcer por 'autocrítica'. Foto: skeeze/Pixabay

A natureza do PT é imutável, por mais que alguns eleitores queiram torcer por ‘autocrítica’.

Foto: skeeze/Pixabay

A SENADORA GLEISI HOFFMANN, presidente nacional do PT, compareceu nesta quinta (10) à nova posse do ditador Nicolás Maduro. O gesto foi criticado ou surpreendeu todos que não entendem a natureza do PT.

Segundo o Painel da Folha publicado nesta sexta (11), por exemplo, a visita “dividiu o partido”. Diz o texto: “[u]ma ala de dirigentes e militantes avaliou a viagem como desnecessária e pregou que o gesto se limitasse a uma carta ou nota de congratulação ao venezuelano”. Outros petistas, porém, defenderam o deslocamento, já que o PT “não poderia se afastar de parceiros estratégicos”.

Com efeito, como já escrevi, o PT é um partido essencialmente internacional. Seus integrantes têm trânsito entre as elites burocráticas dos países ricos, em especial de organizações internacionais, e publicam mentiras em inglês, francês e espanhol. Em agosto, enquanto ainda insistiam na campanha à Presidência de um presidiário corrupto, espalharam a “fake news” triplamente falsa da “liminar da ONU” em favor de Lula.

Exatamente por isso, petistas consultados pela Folha criticam a viagem de Gleisi, mas em hipótese alguma o apoio a Maduro. Como sempre foi e sempre será da natureza do PT, o foco é no marketing, na comunicação; o debate interno jamais será sobre a essência.

No El País, Juan Arias escreve que “o PT deveria ter aproveitado a ocasião para fazer um exame de consciência e se colocar ao lado dos Governos democráticos que disseram “basta!” à loucura ditatorial de Maduro”. É puro wishful thinking, desejo de fé. Daniel Ortega e Evo Morales estavam lá; Gleisi necessariamente tinha de ir representar Lula.

Há menos de um ano, em julho de 2018, a mesma Gleisi foi a Havana para encontro do Foro de São Paulo. A Declaração Final daquele ano expressa apoio aos governos de El Salvador, Nicarágua e Venezuela, todos os quais já usavam de violência contra a oposição. Também foi decidido que o encontro seguinte seria na Venezuela. Mas Juan Arias nunca escreveu sobre o Foro de São Paulo no El País.

Ir a posse de Maduro e boicotar a de Bolsonaro, receber instruções de um presidiário, e ter o candidato derrotado como porta-voz de todo tipo de lacração e mentira está na essência mesma do PT. Como o escorpião da fábula, ele vai picar, e pouco importa se o sapo tem simpatia pelo Ciro Gomes.

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