PT fabrica “fake news” com “liminar da ONU” em favor de Lula

Celso Amorim: ativando contatos do PT nas elites estrangeiras para fabricar "liminar da ONU". Foto: Joka Madruga/Agência PT

Celso Amorim: ativando contatos do PT nas elites estrangeiras para fabricar “liminar da ONU”.

Foto: Joka Madruga/Agência PT

JÁ ESCREVI QUE o PT é um partido essencialmente internacional. Além de ser fundador do Foro de São Paulo, seus integrantes têm excelente trânsito entre as elites burocráticas dos países ricos, em especial organizações internacionais. Ainda em agosto de 2016, quase 18 meses antes de Lula ser preso, o partido publicou uma cartilha em inglês, francês e espanhol alertando sobre a “caça judicial” – perdão, sobre la chasse judiciaire – ao ex-presidente.

Cartilha internacional do PT de 2016. Foto: Reprodução

Cartilha internacional do PT de 2016. Foto: Reprodução

Entre as elites de Nova York e Washington os cardeais petistas circulam com enorme facilidade, como mostra a carta assinada por legisladores americanos, incluindo o senador Bernie Sanders, contestando a prisão de Lula.

Em julho, Lula recebeu na cadeia visita do ex-ministro Celso Amorim. Como ninguém sai de lá sem receber “salves” do presidiário, era um sinal de que o mestre da política externa “ativa e altiva” recebia uma missão. E voilà, eis que Lula assina nesta terça-feira (14) um artigo no New York Times. E voilà traveiz, eis que na manhã desta sexta (17) chegam notícias de uma suposta “liminar da ONU”:

Na verdade, “a ONU” não decidiu coisa nenhuma, não emite liminares, e o texto em questão já é integralmente cumprido pelas autoridades brasileiras.

A suposta “liminar da ONU” é uma “nota de informação” do Comitê de Direitos Humanos, que pede ao Brasil para “tomar todas as medidas necessárias para assegurar que Lula possa gozar e exercitar seus direitos políticos enquanto estiver na cadeia, como candidato nas eleições presidenciais de 2018. Isto inclui ter acesso apropriado à mídia e a membros de seu partido político”.

(interessante notar: o site oficial da ONU no Brasil não traduziu o documento. Apenas fornece o link para o original em inglês).

Que Lula tem acesso frequente a membros do PT, incluindo à lugar-tenente Gleisi, é inquestionável. Que a imprensa brasileira vive repercutindo as decisões e ‘salves’ do presidiário, também. Finalmente, todos os direitos políticos a que Lula têm direito pelo nosso ordenamento jurídico estão sendo plenamente respeitados: o PT até mesmo registrou a candidatura do condenado! O texto da suposta “liminar da ONU”, portanto, é absolutamente redundante. Para ficar bem claro, ainda está escrito que Lula não pode ser impedido de ser candidato “até que os recursos perante às cortes tenham sido completos em procedimentos jurídicos justos”, o que é EXATAMENTE o que já acontece. Em julho, a miinistra Rosa Weber negou pedido do MBL para declarar Lula inelegível porque o registro não havia sido feito ainda (o famoso Lula de Schrödinger).

Ressalte-se: o Comitê de Direitos Humanos da ONU é formado por até 18 “especialistas independentes”, que não são diplomatas nem representam os Estados-membros de origem. Não deve ser confundido com o Conselho de Direitos Humanos, este sim formado por 47 Estados-membros da ONU. Imaginem como é infinitamente mais fácil fazer a cabeça de uns tantos “especialistas independentes” do que negociar uma resolução com diplomatas de verdade. E claro, o Comitê não pode falar pela ONU como a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança ou o Secretário-Geral podem.

É também mais do que óbvio que um punhado de burocratas em Genebra ou Nova York é incompetente para emitir “liminares”, quanto mais em nome da ONU.

Mas vocês acham que o PT dá ponto sem nó? Mesmo na fracassada operação comandada por José Dirceu para soltar Lula, é possível ver que o partido coreografa tudo antes de executar. Celso Amorim (obviamente) já deu entrevista à Folha (obviamente) dizendo que “a liminar (sic) tem que ser cumprida”. E ele está sozinho? Claro que não. Paulo Sérgio Pinheiro, mais um integrante da turma do “impeachment de Dilma foi completamente ilegal”, já aparece como “especialista da ONU” para falar em favor da “liminar” com “caráter obrigatório”.

E o verdadeiro candidato do PT, o prefeito demitido pelo povo em 2016, também está falando em seguir a “ordem democrática” emitida democraticamente por um um punhado de burocratas estrangeiros:

O “Mr. Haddad” (para seguir o estilo do New York Times) deveria entender que a soberania nacional e popular começa obedecendo-se às decisões de Curitiba e Porto Alegre antes das de Genebra.

Na Universidade Harvard existe a Estátua das 3 Mentiras. Existe uma inscrição onde se lê: “John Harvard – fundador – 1638”. Acontece que 1) não existe registro da figura de John Harvard, então a figura é produto da imaginação, 2) não foi ele quem fundou Harvard, e 3) a fundação foi em 1636.

Como é muito comum no repertório petista, o PT inventou a “liminar da ONU das três mentiras”: 1) não é liminar, 2) não é da ONU, e 3) suas decisões já são cumpridas.

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