Ao dizer que ONU ‘não serve para nada’, Bolsonaro despreza trabalho das Forças Armadas

Bolsonaro disse que ONU "não serve para nada", mas soldados brasileiros já serviram em 50 missões. Foto: ONU/MINUSTAH/Jesús Serrano Redondo

Bolsonaro disse que ONU “não serve para nada”, mas soldados brasileiros já serviram em 50 missões.

Foto: ONU/MINUSTAH/Jesús Serrano Redondo

EM CERIMÔNIA NESTE SÁBADO (18), o candidato Jair Bolsonaro disse que a ONU “não serve para nada”. A afirmação é duplamente grave por causa do local onde foi proferida: a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), onde estudam os cadetes do Exército – muitos dos egressos serviram e servem em operações da ONU no mundo inteiro.

O General Heleno, por exemplo, que chegou a ser cogitado como vice de Bolsonaro, foi comandante por 14 meses da Minustah, missão de paz da ONU no Haiti que durou 13 anos (2004-2017) e cujo componente militar sempre foi comandado pelo Brasil. A força atuou para pacificar as favelas haitianas, expulsar gangues, permitir a realização de um jogo de futebol entre Brasil e Haiti, desobstruir estradas para permitir a passagem de assistência humanitária e manter a segurança durante as eleições.

Soldados brasileiros, trajando o capacete azul da ONU, estavam no Haiti durante o terremoto de 2010. A Minustah atuou na busca por sobreviventes, na remoção de escombros e na distribuição de alimentos para a população atingida.

Segundo o Ministério da Defesa, o Brasil já participou de cerca de 50 missões da ONU, “tendo enviado cerca de 50 000 militares ao exterior”.

“Atualmente, o Brasil mantém observadores militares e oficiais de Estado-Maior em missões no Chipre, na República Centro-Africana, no Saara Ocidental, na República Democrática do Congo, na Guiné Bissau, no Sudão e no Sudão do Sul”.

Além disso, desde 2011 as Forças Armadas brasileiras estão no comando da Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). “A Marinha do Brasil mantém um navio e uma aeronave orgânica na costa libanesa com o objetivo de impedir a entrada de armas ilegais e contrabandos naquele país, além de contribuir para o treinamento da Marinha”, conta o Ministério da Defesa.

Uma sessão especial da Assembleia Geral da ONU, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha no fim de 1947, teve “papel crucial” na construção do Estado de Israel, segundo o jornal The Times of Israel.

Quem sabe o candidato Bolsonaro possa assistir ao vídeo abaixo, da série “Histórias do Brasil no Haiti”. O autor não é nenhum jornal da grande imprensa. É o próprio Exército Brasileiro.

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