UM PROFESSOR DE FILOSOFIA que passou a vida inteira dentro da universidade e teve uma única experiência administrativa: a sinopse serve tanto para o futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, quanto para Renato Janine Ribeiro, o Breve. Se a indicação do primeiro sofre pesadas críticas da imprensa, a nomeação do segundo motivou até coletânea de elogios, como em reportagem do G1.
As informações de ambos estão em seus respectivos Currículos Lattes.
Antes de ser ministro de Dilma, Janine Ribeiro nunca havia dirigido sequer uma faculdade. Integrou comissões e conselhos, sem chefiar. Finalmente, entre 2004 e 2007 foi diretor de Avaliação da Capes, coordenando as avaliações trienais de mais de 2 500 cursos de mestrado e doutorado do Brasil.
Em que pesem as diferenças ideológicas, Vélez Rodríguez tem perfil muito semelhante. Sua única experiência administrativa é como pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação na Universidade de Medellín, no distante período de 1975-1978. E só. As palavras “diretor”, “coordenador”, “supervisor” e “chefe” estão ausentes de seu extenso currículo.
Janine Ribeiro, o Breve, não deixou qualquer legado para a educação no Brasil. Foi indicado às pressas para preencher o buraco deixado pela demissão de Cid Gomes. Não teve sequer o gostinho de ser ministro durante o Enem: foi demitido no fim de setembro de 2015, pouco antes das provas. No MEC, será apenas um retrato na parede entre Cid e Mercadante.
Vélez Rodríguez fará diferente? O futuro é uma página em branco. Mas em termos de experiência administrativa para cuidar de uma pasta com orçamento anual de mais de R$ 100 bilhões, ainda tem que comer muito feijão.