Aumentar o investimento nas Forças Armadas para aproveitar a sua experiência tanto em áreas de difícil acesso quanto em áreas indígenas, levando não somente médicos para esses locais, mas toda a infraestrutura necessária para a saúde: transporte de medicamentos, deslocamento de profissionais, hospitais de campanha, helicópteros e barcos para remoção em locais de difícil acesso. Para isso, usaria o efetivo atual de médicos das Forças Armadas, incrementaria o efetivo por concurso e selecionaria também novos Médicos Oficiais Voluntários para atuarem de forma temporária.
A AMB sugere ainda outros dois caminhos que se somam: reformulação e reforço do Piso de Atenção Básica, e o incentivo e adesão de médicos jovens ao programa.
São ideias boas. Com a saída dos cubanos, o Mais Médicos há de ficar com quase dez mil vagas desocupadas. Em 2014, havia 3,8 mil médicos militares atuando no Brasil. Se sozinhos não resolverão o problema, ajudarão a reduzir o estrago em mais ou menos 40% dos postos em aberto.
(E é claro que um governo Bolsonaro abrirá um sorriso enorme para a sugestão de se fazer mais investimentos nas Forças Armadas.)
Mas vale observar, contudo, o teor político da nota, constantemente enveredando por searas que não cabem ao setor. Como nos trechos em que diz que “o governo brasileiro acabou lançando mão de importação de mão de obra, trazida numa condição análoga à escravidão“, ou quando argumenta que estaria claro que o programa serve ao financiamento “da ditadura cubana” – há a suspeita, mas não cabe a uma associação médica a conclusão.
No penúltimo parágrafo, diz: “Essa crise será resolvida com os médicos brasileiros“. No último: “não vamos aceitar esta sabotagem com o povo brasileiro“. Fica a sensação de que, se houvesse mais um, concluiria com “Brasil acima de tudo“.