Ex-motorista de Flávio Bolsonaro refugiou-se na mesma favela dos algozes de Marielle Franco

Foto: Romerito Pontes / Flickr

Em 2007, Flávio Bolsonaro chegou a se dizer favorável à legalização das milícias cariocas.

Foto: Romerito Pontes / Flickr

Lauro Jardim confirmou que não era apenas uma piada: de 7 a 20 de dezembro de 2018, Fabrício Queiroz escondeu-se do público que ansiava por explicações para as movimentações financeiras atípicas observadas pelo COAF. Mas o colunista do Globo foi além e descobriu que o ex-motorista de Flávio Bolsonaro refugiou-se na favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Trata-se da segunda maior “comunidade” carioca. Mais ainda: foi uma das primeiras regiões da capital fluminense tomada por milicianos, que a controlam por completo até pelo menos a redação deste texto.

A venda ilegal de terras públicas ou abandonadas é uma das principais atividades exploradas lá. Mas a prática enfrentava alguma resistência. De acordo com a polícia, Marielle Franco apoiava um grupo que buscava impedir que a prefeitura fechasse parcerias com construtoras em troca da permissão para a construção de edifícios na região. Segundo o general Richard Nunes, que comandava a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, a vereadora do PSOL foi morta por milicianos que viam na parlamentar uma ameaça à grilagem de terras no local.

Flávio Bolsonaro já prometeu legalizar as milícias

No início do segundo mandato, o filho mais velho de Jair Bolsonaro já tinha feito críticas à concessão de indenizações para vítimas de bala perdida, e votado contra a instalação da CPI das Milícias. Mas foi além, e prometeu apresentar um projeto para legalizar a atuação dos criminosos.

“As classes mais altas pagam segurança particular, e o pobre, como faz para ter segurança? O Estado não tem capacidade para estar nas quase mil favelas do Rio. Dizem que as milícias cobram tarifas, mas eu conheço comunidades em que os trabalhadores fazem questão de pagar R$ 15 para não ter traficantes.

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No ano seguinte, ganhou a concordância pública do pai. Em 2008, Jair Bolsonaro defendia que nem todo miliciano era “símbolo de maldade”. Mas, dez anos depois, quando Marielle foi assassinada, o ainda deputado federal preferiu o silêncio:

“Dado o simbolismo dela, qualquer coisa que por ventura eu viesse a falar seria potencializada e distorcida contra mim. Então, no momento, eu me resguardo o direito de permanecer em silêncio nesse caso e aguardo a conclusão das investigações.

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As apurações estão caminhando, tanto no caso Marielle, como no caso do ex-motorista de Flávio. E, coincidentemente, ambas passam pela mesma região dominada por milícias.

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