A POSSE DE JAIR BOLSONARO marcada para esta terça (1º) é uma ameaça. É o que garantem seus filhos, seus apoiadores e o próprio presidente-eleito.
Em 23 de dezembro, Eduardo Bolsonaro escreveu: “Jair Bolsonaro foi eleito para fazer mudanças e vai fazê-las. Cuidado! Você vai ver muitas pessoas estranhando e reagindo a isso, será a 1ª vez que vão ver um político no Brasil fazendo aquilo que ele disse antes e durante a eleição”.
No dia de Natal, seu irmão Carlos acrescentou: “O que tem de vagabundo torcendo para o Brasil não dar certo simplesmente para tentar prejudicar Bolsonaro não está no gibi. O perfil deste tipo de canalha é sempre o mesmo!”.
Assim como seu ídolo Donald Trump, o presidente-eleito gosta de recorrer ao Twitter para se comunicar diretamente com as massas. Nesta segunda-feira (31), às vésperas do Ano-Novo, twittou: “Uma das metas para tirarmos o Brasil das piores posições nos rankings de educação do mundo é combater o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino. Junto com o Ministro de Educação e outros envolvidos vamos evoluir em formar cidadãos e não mais militantes políticos“.
O vereador Carlos comentou o tweet, dizendo “Quando você não vê quase nenhum meio de comunicação tradicional dando a devida atenção ao tema abordado pelo presidente eleito (…)”.
Ora, quem não deu “a devida atenção ao tema” foi o próprio Jair. É uma meta louvável combater a hegemonia de esquerda nas escolas e universidades, mas mais importante é fazer com que as crianças aprendam português e matemática. Mas, se a meta fosse essa, Bolsonaro teria convocado alguém que entenda de Pisa e Ideb e não Vélez Rodríguez, a versão de direita de Janine Ribeiro.
O tom de ressentimento e raiva de quem está prestes a assumir enormes responsabilidades não é de se estranhar. Afinal, esta é a turma que estava falando em fraude nas urnas na eleição que eles mesmos venceram. Na verdade, existem fãs de Bolsonaro falando em fraude eleitoral até hoje!
O bolsonarismo é uma anti-tribo, definida por uma série de pautas que os membros concordam serem contra. O discurso de rancor contra a oposição seguirá forte nos próximos anos. E também contra jornalistas – chamados pelos bolsonaristas de “extrema-imprensa”, que nada mais é que o “PIG” deles. A Agência descobriu que a imprensa credenciada terá de chegar às 8h em um ônibus para cobrir a cerimônia de posse, que começa oficialmente apenas às 15h. Isso sem falar nas inéditas restrições a entrevistas e ao seu trabalho. Essas restrições, obviamente, não valerão para a nova geração de “blogs progressistas”, aqueles “influencers” com acesso privilegiado ao clã Bolsonaro.
O Brasil vive a ameaça do petismo do Upside Down.
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Nota: A Agência já está em Brasília, onde fará cobertura da posse de Jair Bolsonaro. E não, não fomos convidados.