A eleição da qual todos podem sair vencedores – ao mesmo tempo

Distribuição de poder ampla, geral e irrestrita na eleição de 2018. Foto: Etereuti / Pixabay

A depender de como o poder findar redistribuído, todas principais forças terão o que comemorar

FERNANDO COLLOR VINHA de uma tradição política de centro-direita, mas legou uma abertura política bem liberal. FHC, por mais que fosse constantemente xingado de “neoliberal da direita”, era inegavelmente de centro-esquerda. Lula, ninguém há de duvidar, era o maior nome já produzido pela esquerda nacional. E passou o poder a Dilma Rousseff, que iniciou a corrida demonstrando orgulho de ter atuado pela extrema-esquerda durante a ditadura militar.

Foram necessários 25 anos para o poder se deslocar de João Figueiredo, um membro genuíno da direita brasileira, a Dilma, lá do extremo oposto. Para tanto, a cada ciclo de 4 ou 8 anos, o eixo se deslocou lentamente, sempre no mesmo sentido.

Por isso é possível afirmar que, mesmo que Jair Bolsonaro não termine outubro eleito, a direita ganha se conseguir deslocar o poder na direção oposta. E isso vale até mesmo para uma eventual vitória de centro-esquerda – a última derrota presidencial da esquerda ocorreu 20 anos antes.

De uma forma geral, a direita ganha se Fernando Haddad e Ciro Gomes perderem. A esquerda, por sua vez, comemorará uma eventual derrota de Bolsonaro. PSL, Rede e NOVO terão enorme lucro se saírem das urnas com bancadas que os insiram no grupo de partidos de médio porte, o que automaticamente os reinsere na corrida presidencial de 2022. O sucesso do trio também há de ser festejado pela Lava Jato, pois demandaria uma desidratação do Centrão no Congresso. E todos estes cenários não invalidam uma eventual conquista de um presidenciável de centro.

Em outras palavras, e por aquelas nuances confusas da democracia, há chance de a eleição de 2018 se concluir com todas as principais forças tendo o que celebrar, algo primordial para o país pacificar uma crise política que já dura meia década. Esse, claro, não precisa ser o final da história, mas o primeiro capítulo de uma nova era. Porque política não é 100 metros rasos, é maratona. E o Brasil não é um jatinho, mas uma Boeing 737 que exige muito mais motor para sair do chão.

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