EM 16 DE JULHO DE 2018, Ciro Gomes participou do Resenha, programa da TV Difusora, do Maranhão. Na ocasião, pronunciou-se em defesa de Lula, que cumpria pena pelos crimes investigados na Lava Jato, e se apresentou como a única alternativa na corrida presidencial que poderia servir para livrar o petista da cadeia.
“Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político“
Após a avalanche de críticas, o candidato pelo PDT veio a público dizer que havia sido mal interpretado. Mas o fato é que, apenas 16 dias depois, Ciro foi alvo de sabotagem arquitetada por Lula.
Ao menos é o que reportou a Folha de S.Paulo:
“o ex-presidente então articulou movimentos, executados pela cúpula do PT, que desidrataram antecipadamente a candidatura de Ciro. (…)
Lula mandou recados por interlocutores que o visitam frequentemente na prisão e deu aval para decisões terminativas da presidente de seu partido, Gleisi Hoffmann (PR), para pelo menos cinco atos que reverberaram contra Ciro: sinalizou com a vice do PT para Manuela D’Ávila (PC do B) no momento em que o partido era assediado pelo PDT; repreendeu governadores petistas que defendiam aliança com Ciro; assistiu ao PR, de Valdemar Costa Neto, levar o centrão para a órbita de Geraldo Alckmin (PSDB) ao invés de fechar acordo com o PDT e, em seguida, fez pesar sua relação familiar de anos na negativa do empresário Josué Alencar (PR) em ser vice do tucano.”
Em basicamente duas semanas, Ciro foi de autoproclamada única salvação de Lula àquele que Lula sabotou de dentro da cadeia. E o pedetista, que vinha se esforçando pelos votos do eleitorado do presidiário, não conseguiu disfarçar o desconforto em sabatina na GloboNews.
Há alguma nobre lição nesta breve sequência de acontecimentos. Resta saber se, dessa vez, Ciro aprendeu.
