Fox News destaca ligações de Bolsonaro com milícias

Assunto de família? É o que o jornalismo da Fox News perguntou. Foto: Reprodução/Fox News

Assunto de família? É o que o jornalismo da Fox News perguntou.

Foto: Reprodução/Fox News

A FOX NEWS levou ao ar na noite desta segunda-feira (18) uma entrevista exclusiva do presidente Bolsonaro à âncora Shannon Bream. Na abertura do programa, antes da exibição da conversa gravada, os telespectadores foram apresentados a um pequeno resumo sobre o chefe de governo do Brasil e sua visita à Casa Branca marcada para terça (19).

No jargão da TV, chamamos de ‘GC’ (de gerador de caracteres) aquela tarja com texto que resume brevemente o que está sendo mostrado. Ente os GCs da Fox News, tivemos ‘Bolsonaro blasts past Brazilian Presidents’ (Bolsonaro detona ex-presidentes do Brasil)’, referência aos discursos em que ele se apresentou como o primeiro presidente ‘não anti-americano’ em muito tempo. Outro GC foi ‘A Family Affair? Brazilian media puts spotlight on President’s gang ties’ (‘Assunto de família? Mídia brasileira põe holofote sobre laços do Presidente com gangues’).

Na entrevista, Bream perguntou a Bolsonaro por que ele republicou o infame vídeo do ‘golden shower’. Ele respondeu que queria mostrar como o Carnaval está ‘saindo dos trilhos’ (off track, na tradução da Fox News) no Brasil. Então a jornalista pergunta o seguinte:

“Nos últimos dias ocorreram algumas prisões relacionadas ao assassinato de Marielle Franco. Aparentemente, os suspeitos são ex-policiais. Há quem queira traçar uma conexão entre o senhor, sua família, potencialmente esses policiais… A polícia disse que qualquer coisa nesse sentido é coincidência. Mas quero te dar uma chance para responder àqueles que estão questionando se você teve qualquer ligação com esse assassinato”.

Bolsonaro se enrola um pouco com a resposta e menciona que um dos suspeitos era mais ou menos seu vizinho (se referindo ao fato de que Ronnie Lessa tem casa no mesmo condomínio na Barra da Tijuca). “Eu nunca vi aquele cavalheiro no meu condomínio” (a tradução da Fox é gated community). Depois acrescenta:

“Só descobri quem era Marielle Franco depois de ela ser morta. Ela era vereadora e nunca tinha ouvido falar nada a respeito da vida dela. Que tipo de motivo eu poderia ter para encomendar um assassinato desse tipo? Eu nem a conhecia. Por outro lado, a pessoa que me esfaqueou foi afiliado a um partido de esquerda, o PSOL, até 2014. Da noite para o dia, quatro advogados renomados apareceram para defender a pessoa que tentou me matar a facada. E ninguém na mídia disse que a esquerda tentou matar Jair Bolsonaro”.

A pergunta de Bream de fato foi mal-informada. Não há qualquer indício, laço ou interesse que ligue Bolsonaro à morte de Marielle Franco. Existe, isso sim, uma extensa lista de declarações públicas dele a favor de milícias, além do registro de funcionários do gabinete do então deputado estadual Flavio Bolsonaro, hoje oficialmente responsabilidade exclusiva de Fabricio Queiroz. Mas nos EUA o Coaf não é pauta. Por enquanto, só o ‘golden shower’.

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