Nada impede as pessoas que se entendem como intelectuais de continuarem fazendo pouco caso do que seria “globalismo”. Ou que busquem confundir a opinião pública o interpretando como uma aversão à “globalização”. Contudo, o preço da arrogância é seguir perdendo eleições para quem leva o assunto a sério.
Há como simplificar, no entanto, o entendimento do termo. Para a direita, o globalismo é um inimigo semelhante ao imperialismo tão combatido pela esquerda nas décadas anteriores. Se os progressistas temiam que o poder econômico das nações desenvolvidas sufocasse as necessidades das subdesenvolvidas, os conservadores temem que este domínio externo se dê não pela economia em si, mas culturalmente, o que seria um monstro de bases ainda mais sólidas – afinal, é fácil perceber quando a economia foi para o brejo, ao contrário das bases defendidas pela academia.
É verdade que exageram – ou exageraram – de ambos os lados. Mas as expressões não causariam tanto estrago se não tivessem um fundo de verdade. Há tempos, necessidades locais são constantemente sufocadas por interesses externos. Neste embate, costuma vencer quem dá mais atenção à vizinhança. Porque as eleições são decididas por nativos.
A esquerda já teve as rédeas dessa narrativa nas mãos. Num descuido, a direita a tomou para si. Goste-se ou não dos termos, costumam ao menos delinear quem melhor tem representado os anseios da população. E, numa democracia, este é o início de qualquer trabalho.