O GOVERNO BOLSONARO desceu a ladeira: sua aprovação no Ibope despencou de 49% em janeiro para 34% na pesquisa divulgada nesta quarta-feira (20).
Há algumas leituras possíveis para os números.
Uma delas é a “realização do lucro”. Bolsonaro venceu a eleição com 55% dos votos válidos. Vestiu a faixa presidencial com um patamar similar de aprovação. O ano começou pra valer, passou o Carnaval (com ‘golden shower’), a ficha caiu, a realidade chegou. Quem tem fé em Bolsonaro ficou com ele; já cerca de um terço dos que o apoiavam acha agora que já fez sua parte e ‘pagou pra ver’.
[Antes de prosseguir: o Ibope marcou 54% das intenções de voto para Bolsonaro na véspera do 2º turno, e portanto acertou o resultado dentro da margem de erro].
Outra leitura é menos otimista. É que o povo está insatisfeito de fato com o ritmo do governo. É anedotal, mas posso dizer que semana passada tomei um táxi e o motorista, muito jovem, me contou ter feito campanha para Bolsonaro. Esperava dele mais dureza no combate ao crime e o fim do que ele chama de ‘bolsa-presidiário’. Como as medidas não vieram, estava desapontado. Ou seja: o governo não está entregando o que o candidato prometeu.
Craque em animar e orientar a militância das redes sociais, um trunfo para ganhar a eleição, a equipe agora enfrenta o desafio do trabalho de verdade. No MEC, por exemplo, o que se viu até agora foi um Game of Thrones por cargos. A chefia do Itamaraty foi substituída de facto por um dos filhos do Presidente. E a comunicação tem como prioridade atacar jornalistas e o próprio Carnaval.
Alguém que há algum tempo tenta ser o ‘adulto na sala’ é Rodrigo Maia. Ele dá a entender uma verdade sobre a reforma da Previdência: malandramente, Bolsonaro está deixando com Maia todo o fardo de defender e votar o projeto, enquanto o Presidente fica no Planalto navegando no Twitter.
Uma hora o povo – não os robozinhos com ícone de sapo no Twitter – percebe.
A propósito, nesta quinta-feira (21) Bolsonaro completa 64 anos.
Feliz aniversário, Presidente. Quem sabe agora a maioridade chega.