EUA estão sem embaixador no Brasil

Mike Pompeo trouxe o embaixador no Brasil para trabalhar com ele em D.C. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O secretário Mike Pompeo: se Bolsonaro quer estreitar relações com os os EUA, deve pedir a Trump um novo embaixador para o Brasil.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

PETER MICHAEL McKinley chegou em janeiro de 2017 a Brasília. Experiente, foi um dos raros diplomatas americanos a se tornar embaixador pela quarta vez, após chefiar as embaixadas na Colômbia, no Peru e no Afeganistão. Entre vários atos importantes na relação bilateral, inagurou o novo Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre, em junho do mesmo ano. A capital gaúcha estava sem representação dos EUA desde 1996.

O biênio 2017-2018 foi turbulento no Departamento de Estado. Muitos diplomatas sêniores pediram demissão. Já na primeira semana do governo Trump, seis integrantes de alto escalão deixaram o serviço diplomático, como o subsecretário de administração Patrick Kennedy e a secretária-assistente de assuntos europeus Victoria Nuland. Em dezembro de 2017, o então embaixador no Panamá, John Feeley, também de longa carreira, renunciou dizendo que não poderia mais servir ao presidente Trump. O embaixador na Estônia, James D. Melville Jr., fez igual em junho de 2018. Ele tinha 33 anos de carreira.

Uma grande perda veio em fevereiro de 2018, quando o embaixador Tom Shannon anunciou sua aposentadoria. Um dos mais experientes diplomatas americanos, chefiou a embaixada em Brasília de 2010 a 2013 e é grande fã do Brasil.

Rex Tillerson, primeiro Secretário de Estado do governo Trump, coordenou um esforço para reduzir o orçamento do Departamento, congelar contratações e incentivar demissões voluntárias. Acabou que ele mesmo foi demitido por Trump em março de 2018, bem como o subsecretário de diplomacia pública Steve Goldstein.

Tudo isso para dizer que o Departamento de Estado sofre uma escassez de diplomatas experientes. Por causa disso, em meados de 2018 McKinley passou a acumular as funções de embaixador no Brasil e de assessor do secretário Mike Pompeo, sucessor de Tillerson. As viagens aos EUA eram frequentes. No começo de novembro de 2018, pouco após as eleições no Brasil, McKinley se despediu oficialmente do cargo. Ele não esteve no encontro entre Bolsonaro e John Bolton, por exemplo. Mas pode ser visto nas fotos tiradas em 2 de janeiro no Itamaraty – ao lado do ministro-conselheiro William Popp, que chefia interinamente a embaixada, e, claro, de Mike Pompeo.

Se Bolsonaro quer estreitar relações com os EUA, deve pedir ao colega Trump que indique o quanto antes um novo embaixador para o Brasil.

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