QUANDO ALGUÉM QUER RESOLVER um problema, faz o quê? Estuda suas causas, tenta atacá-las, e mede os resultados. É o que aprendemos – na vida, no trabalho ou na faculdade. Mas dificilmente isso acontece na política.
Os anos da gestão PT favoreceram as universidades públicas em detrimento das escolas. Reportagem de O Globo mostrou que em 2017 o ensino superior consumiu cerca de 58% do orçamento do MEC, “desigualdade [que] vem crescendo desde 2013”. A secretária-executiva da pasta, Maria Helena Guimarães (já no governo Temer), disse que “[f]oi feita uma expansão (do ensino superior) sem nenhum planejamento”. Sabemos dos inúmeros discursos de Lula louvando a criação de novas universidades federais.
Enquanto isso o ensino básico foi deixado pra lá, em especial o Ensino Médio. Pesquisa da OCDE divulgada nesta terça-feira (11) mostrou que mais da metade dos brasileiros não tem diploma do ensino médio. É um desempenho mais baixo do que o de países como Argentina, Chile e Colômbia.
O cenário da educação é ainda pior, porque, se os concluintes do Ensino Médio já são poucos, os que terminam a escola não sabem muita coisa. No fim de agosto, resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do próprio MEC, mostraram que mais de 70% dos concluintes têm desempenho insuficiente em português e matemática. Mesmo na escolas privadas, um terço dos alunos não conclui o aprendizado básico.
Os resultados do Saeb podem ser verificados internacionalmente pelo Pisa, que avalia os conhecimentos de jovens de 15 e 16 anos em matemática, leitura e ciências. O Brasil está entre os últimos lugares do ranking: 63º em matemática, 58º em leitura e 65º em ciências. Uma consequência é que apenas 22% dos brasileiros que chegam à universidade são plenamente alfabetizados.
Se nada parece ter sido feito para consertar nosso Ensino Médio, muito foi feito em relação ao ensino superior, como as políticas de cotas. Não para melhorar o acesso à educação ou sua qualidade, mas porque as universidades são por excelência o centro de formação e treinamento da militância. Na universidade são feitos os “cursos” do “golpe”; são escritos os livros de História; jovens são iniciados na política nos DAs e DCEs e assim por diante. Como escrevi logo após as eleições de 2016, o PT perdeu votos, mas ainda tem muitos ônibus; e depende das universidades para sobreviver.
A falência do Ensino Médio no Brasil é consequência de escolhas essencialmente partidárias na administração da educação.