CEO reconheceu que o Twitter é “mais de esquerda”

Jack Dorsey nega perseguição política, mas reconheceu que o Twitter "é mais de esquerda". Foto: cellanr / Wikipedia

Jack Dorsey negou, contudo, qualquer viés político no banimento de perfis

A INTENÇÃO DE Jack Dorsey era negar veementemente que a rede social faz qualquer perseguição política na própria plataforma. Mas, em entrevista à CNN, o CEO reconheceu que o viés do Twitter é “mais de esquerda”.

A fala polêmica surgiu em resposta a questionamentos sobre “shadow ban”, a prática de silenciar um perfil sem que o próprio autor perceba, ficando este sem perceber – ou entender – a baixa repercussão orgânica das próprias mensagens.

“A questão real por trás desta pergunta é: estamos fazendo algo de acordo com a ideologia política ou pontos de vista? Nós não estamos. Ponto. Nós não olhamos para o conteúdo com preocupações sobre as visões políticas ou ideologias, nós olhamos o comportamento. Nós precisamos mostrar constantemente que não estamos usando o nosso próprio viés, que eu admito completamente, é mais de esquerda.

O posicionamento parece em sintonia com o que disse Mark Zuckerberg em sabatina ao Senado americano. Na ocasião, mesmo jurando uma neutralidade ora questionada, reconheceu trabalhar num ambiente extremamente esquerdista – o que talvez explique o que faz o Facebook tratar como “discurso de ódio” até mesmo trechos da Constituição americana.

Mas não deve ajudar na batalha que se avizinha. As acusações de censura são cada vez mais recorrentes e intensas. E de fato partem de um mesmo lado, o conservador, para uma nada dissimulada comemoração do outro, o progressista.

Donald Trump em pessoa havia prometido lutar contra a prática. Em mais um dos muitos posicionamentos firmes no próprio Twitter, reclamou:

“As redes sociais estão discriminando totalmente as vozes Republicanas/Conservadoras. Falando de forma alta e clara pelo governo Trump, nós não vamos deixar isso acontecer. Eles estão calando as opiniões de muitas pessoas na DIREITA, enquanto não fazem nada com outros”.

Em outras palavras, a liberdade quase anárquica que norteou a internet em seus primeiros anos de existência tem tudo para encontrar um fim breve. Se, de um lado, as gigantes da tecnologia não conseguem disfarçar o próprio viés, do outro, há governos interessados neste controle, e nada melhor do que a insatisfação de boa parte da população para justificar a intervenção estatal.

É triste, mas ao mesmo tempo é justo. Entre a liberdade mercadológica de startups bilionárias, e a liberdade de expressão do indivíduo, é papel do Estado lutar pelo lado mais fraco.

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